quarta-feira, 13 de maio de 2015

A POESIA ANGOLANA DE JOÃO MAIMONA

O POEMA...




AS MURALHAS DA NOITE



         A mão ia para as costas da madrugada.

         As mulheres estendiam as janelas da alegria

         nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.



Entre os dentes do mar acendiam-se braços.



         Os dias namoravam sob a barca do espelho.

         Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.

         E da chuva de barcos chegavam colchões,

         camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas

         onde cantavam soldados de capacetes

         por pintar no coração da meia-noite.



         Eram os barcos que guardavam as muralhas

         da noite que a mão ouvia nas costas

da madrugada entre os dentes do mar.






















...E O POETA

João Maimona, angolano de Quibocolo, município de Maquela do Zombo, poeta, ensaísta, crítico literário e político, no convés da fragata desde 1955, devido a perseguições teve que fugir com a família para a República do Zaire em 1961. Em Kinshasa, em 1975, ingressou na Faculdade de Ciências, tendo estudado Humanidades Científicas regressando a Angola em 1976. Algum tempo depois, fixou residência em Huambo, onde se licenciou em Medicina Veterinária. O poeta é diplomado em estudos superiores especializados em virologia médica e epidemiologia animal, pelo Instituto Pasteur de Paris e pela École Nationale Vétérinaire d´Alfort, na França. Maimona atualmente é membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura do Huambo e membro da União dos Escritores Angolanos. Incansável combatente cultural mostrando para o mundo a literatura e arte angolanas.  

Nenhum comentário:

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...