Jorge Mateus de Lima(União dos Palmares1893—Rio de Janeiro1953)poeta,romancista,biógrafo,ensaísta,tradutor, político e médico alagoano, começou na vida literária, inicialmente, como autor de versos alexandrinos, depois é que se transformou em ummodernista. Os textos de Jorge de Lima abrigam inumeráveis possibilidades de leitura, fazendo dele um autor em constante mutação. O poeta foi recusado por seis vezes à Academia Brasileira de Letras. Em 1939 o poeta passou a se dedicar, também, às artes plásticas participando de algumas exposições. Experimentemos Jorge de Lima, um dos mais criativos escritores brasileiros.
Enzo Carlo Barrocco PRETENSÃO O que mais pretendo agora, Neste final de milênio, É botar garganta a fora Os versos que ainda tenho. PRELO Dilui-se toda a palavra Se no livro não for posta, Perdida está toda a lavra, Pedra solta na encosta. SUPOSIÇÃO Nestes dias de amargura, De tristes dias, de fome, Suponho não ter mais cura Para a tristeza do homem. ÉTICA Quem sabe não tenha ética O que vou falar, sem alarde: A mentira sendo poética Passa logo a ser verdade. RUA E MADRUGADA A rua está tão deserta, Uns grilos pela calçada, A madrugada desperta Nos seios da minha amada.