sexta-feira, 22 de março de 2013

PARA O SOSSEGO DA ALMA


Enzo Carlo Barrocco















Preciso de uma paisagem
Para o sossego da alma
Um milharal onde o vento
Seja a música constante.

Um igarapé escondido
Num igapó afastado
Uma chuva se aprontando
Sobre o estirão da estrada.

Um pássaro pousado à árvore
Um pôr-do-sol sobre o mar
A lua mostrando a cara

Ante o silêncio da noite
Para o sossego da alma
Uma paisagem se apreste.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A TENDA DOS BLOGUEIROS - MAIS 1 POEMA

Enganaram-se


Maria da Fonte 





Se um dia vires por aí
A pilula que cure o medo, não hesites.
Temo que ele me mate brevemente. Metastizou-se
À velocidade da luz.
Há dias em que mal seguro a dor. O medo atravessa-me a medula,
Emerge à superfície em ferida;
A lava escorre e as cinzas roçam a morte.
Já levo comigo um sem-número de dentes cravados nos ossos,
Receio que não chegues a tempo de sensibilizar as larvas.

Perguntam-me os médicos o que como, o que corro, o que durmo.
Eu deixo cair um fio de voz assustada:
Tenho medo.
Depois entopem-me outra vez de remédios.
Este é para o dia; esse, para a noite; aquele, para a dor…
Regresso a casa com o cadáver, debaixo do braço, aos saltos.
Sento-me de frente para mim,
Tiro a bula da caixa e procuro nos diferentes compostos
A percentagem de inocência. Nada!
Químicos! Químicos! Químicos!
Fecho a caixa, inconsolável.
Enganaram-se!





http://mais1poema.blogspot.com.br/

terça-feira, 5 de março de 2013

OUTEIRO


Enzo Carlo Barrocco





















Nos confins de julho
neste sol
salobro de Caratateua
tua parda tez
perde-se no branco-cinza
da areia.

Sol e gente, sol e gente,
e teu maiô azul/suburbano
desconsertando o dia.



A POESIA SUL-MATO-GROSSENSE DE ADALBERTO MÜLLER



 O POEMA...
 

PLANTAS EM VIVEIRO

Este secreto recanto
esconde muitas vidas:
o discreto charme
das alamandas
          tão brandas
vaginas abertas ao acaso;
a inocência dos amarantos,
o sorriso dos beijos eternamente
felizes.            
Esse pequeno jardim
          da infância,
a memória hoje recria
em seu viveiro de sensações perdidas : as
mãos roçando o tenro
veludo
          das violetas.



 ...O POETA
























Adalberto Müller Júnior, poeta, roteirista e cineasta, sul-mato-grossense de Ponta Porã, no convés da fragata desde em 1966, pratica o nomadismo intelectual e criativo, como ele próprio define, pois já viveu em Campo Grande, Campinas, Brasília, Curitiba, São Paulo, Köln e Münster, como também no Rio de Janeiro. Pesquisador em literatura e cinema realizou, em 2008, o curta-metragem Wenceslau e a árvore do gramofone, baseado em poemas de Manoel de Barros. Como poeta, Adalberto publicou textos em revistas como Coyote, Poesia Sempre e Inimigo Rumor, além dos livros Ex officio (Paris, 1995) e Enquanto velo teu sono (7Letras, 2003). O poeta envereda por um caminho onde a poesia se mostra inteira, a imagem, a força poética da palavra, a poesia irrefutável.





segunda-feira, 4 de março de 2013

SONHO, FACA E ETC.


Enzo Carlo Barrocco



















Querer, então que uma faca
Não fira o sonho que tens
Este sonho perpetuado
Nos olhos tristes de alguém.

Pois hoje quando dormires
Este sonho voltará
No escuro do inconsciente
A arma e um fraco luar.

A madrugada inquieta
Os astros sobre os telhados
O teu sonho e o fio da faca
Perenes e amargurados.


ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...