por Enzo Carlo Barrocco
Aguardávamos um soar de apito às doze horas; excelente
horário para um assassinato. Eu e Solano esperávamos um automóvel à praça
fronteira que nos levaria ao Bule Azul, bairro do outro lado da cidade.
Ambos percebemos um carro vermelho com uma faixa branca sobre o capô, vagarosamente dobrar a esquina
e seguir em direção ao portão lateral da grande fábrica. O apito finalmente
soara e alguns segundos depois um aglomerado de gente atravessava o portão do
prédio num vozerio característico de muitas pessoas juntas. Um dos turnos
evidentemente acabara de cumprir horário. O automóvel parara justamente frente
à saída como se esperasse alguém. Um homem magro de cabelos rentes saiu do
carro pelo lado do carona, sacou uma arma escondida sob a camisa e atirou duas
vezes. O alarido foi geral com pessoas
correndo desesperadamente para todos os lados. Feito isso o homem entrou
no carro que saiu velozmente pela rua de asfalto novo desviando das pessoas que
tentavam escapar. Quando nos aproximávamos, o nosso automóvel chegara com o
motorista bastante apressado. Deu para perceber, entretanto, que a pessoa
baleada era uma mulher. Fomos embora. No outro dia saberíamos pelos jornais
detalhes desse desaforado crime.
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