segunda-feira, 27 de junho de 2011

A POESIA FLUMINENSE DE CASIMIRO DE ABREU



Da mente genial de Casimiro de Abreu,  poeta e dramaturgo fluminense
ESTRELA DA NATIVIDADE: Capivary, atual Silva Jardim 1839
CRUZ DA ETERNIDADE: Nova Friburgo 1860.
















RISOS.

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!

A vida é triste - quem nega?
- Nem vale a pena dizê-lo.
Deus a parte entre seus dedos
Qual um fio de cabelo!

Como o dia, a nossa vida
Na aurora é - toda venturas,
De tarde - doce tristeza,
De noite - sombras escuras!

A velhice tem gemidos,
- A dor das visões passadas -
A mocidade - queixumes,
Só a infância tem risadas!

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!

Rio - 1858.

 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A CASA DE TAIPA

Enzo Carlo Barrocco



Eram papoulas plantadas
na calçada de barro
da casa de taipa rente à várzea.
Um terreiro branco, a paisagem azul.

Um baque de machado ao largo
e um vento pelas folhas vesperais;
A sombra da casa se alonga a leste.
Paneiros suspensos nas paredes.

Um pilão à sombra do laranjal...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

AS FLORES VIRTUAIS

Enzo Carlo Barrocco



Estou  saindo para não morrer
de solidão e tecnologia,
armo a palavra e sobre a língua vária
fecho as cortinas da melancolia.

Somente a luz virtual e fria
apodera-se dos meus dedos brancos
entretanto, entre solavancos
ando à procura de aves retirantes.

Que importa a música e a estrofe
que  o tempo não tem rédea ou peia,
a cada hora a palavra muda,

a cada dia tudo mais se afeia,
hoje o perfume sensual das flores
busco nas telas dos computadores.



sexta-feira, 3 de junho de 2011

A POESIA PERSPICAZ DE ZILA MAMEDE



O POEMA

Rua (TRAIRI)

Nos cubos desse sal que me encarcera
(Pedras, silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos braços na paisagem)
a duna antiga faz-se pavimento.

Meu chão se muda em novos alicerces,
sob as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se nos sulcos das enxadas,

nas ânsias do caminho vertical.
Ao sono das areias abandonam-
se nesta rua vívidos fantasmas

De seus rios meninos que descalços
apascentavam lamas e enxurradas.
Meu chão de agora: a rua está calçada.



A POETA 




Zila da Costa Mamede (Nova Palmeira 1928 – Natal, RN 1985) poeta paraibana, se notabilizou  pela sutileza com a qual desenvolvia sua poesia, com temas relacionados as suas paixões e ao sertão nordestino. Zila foi elogiada por nomes famosos da literatura brasileira, incluindo Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Câmara Cascudo e João Cabral de Melo Neto, entre outros. A poeta também se dedicou à  pesquisa de importantes nomes da nossa literatura. Encante-se com a poesia de Zila, por sorte, espalhada pela “grande rede”.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

LIBÉLULAS RUBRAS - 1ª TRÍADE


Enzo Carlo Barrocco


O MAR DE PEDRAS
Neste mar de pedras
posso bem falar,
sopra um
vento
morto,
devagar.


O BEIJO
Quando se beija
fecham-se os olhos,
e o universo
todo
cabe na boca
da outra pessoa.




OS PÁSSAROS
Os poetas são um
bando de pássaros
unicolores
sobrevoando o fundo branco
do lençol
da alma.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

OCORRÊNCIA

Enzo Carlo Barrocco



penso num objeto inalcançável
o que sinto agora
é um ilusão

dinheiro que não se pode impetrar
apenas o fundo da memória
apenas este silêncio entrecortado

por uma música distante
há um anseio
pela ocorrência  imediata


SIMONE WEYL NO DIÁRIO DOS PENSADORES

"Alguma coisa misteriosa neste universo é cumplice dos que amam o bem".




 

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...