terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CALCINHA E QUINTAL


Miniconto

por Enzo Carlo Barrocco



A bola saltitou entre a plantação de dálias e desapareceu por trás do muro da finada Rosa Lúcia. Morava ali agora minha tia Carla. Dei a volta para pegar a bola, pois o pessoal não permitia que eu participasse do jogo. Não havia muro na parte de atrás, só dos lados e logo avistei a bola na touceira de papoula. Fiquei estático! Minha prima Neza, abaixada rente a lateral do muro, escondida na touceira de capim-marinho, afastou um dos lados da calcinha, sem tirá-la e mijava despreocupadamente. Sem fazer ruído devolvi a bola por sobre o muro e dei de aproximar-me. O sibilo do líquido saindo! Nossa!! Súbito parou, levantou e, sem se virar, levou a calcinha até os joelhos, abaixou-se de novo e recomeçou. Desta vez, empinou a bunda se apoiando na touceira de capim. Evidentemente percebeu que eu estava ali. Levantou, virou de frente e, lentamente, deslizou a calcinha pelas coxas, deixando-a mal colocada, sempre com o olhos sobre mim. Ai! Aquela cara de menina tola! Veio na minha direção, passou raspando e se postou entre a parede da barraca e o muro de tijolos nus. “Vem!” -sussurrou. Deu a entender que ia baixar a calcinha. Ai! E eu era tão pequeno!

Nenhum comentário:

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...