
A gata
parada na porta
olhava a casa, incondicionalmente sua.
Grave, retraída, esquiva,
ontem mesmo perdeu a casa;
ainda lembro dos seus olhos tristes.
Não aceito, sob nenhuma hipótese,
a atitude grotesca
do senhorio.
Londrix 79
velha lamparina
vela a chuva na janela à toa
entrelábios flora rara trança loura
belamiga rindo rindo rindo rindo me desfolha
lingerie despida breve brisa sei minha face crispa
e doura
O POETA
Ademir Assunção, paulista de Araraquara, poeta, compositor e jornalista, no convés da fragata desde 1961, é um entusiasta militante do jornalismo e ativista cultural incansável. Participou de várias antologias poéticas no Brasil e no exterior. Como letristas Ademir tem parcerias gravadas com Itamar Assunção, Edvaldo Santana e Madan. Atualmente o poeta é um dos editores da Revista Coyote.
O ser humano precisa de um pouco de loucura. Do contrário, nunca ousa cortar a corda e ser livre
- Nikos Kazantzakis (Candia, atual Iraklion, Ilha de Creta 1885 –
Fribourg, Suíça 1957) poeta, romancista e dramaturgo grego
As heresias são experimentos na insaciável busca da verdade.
- Herbert George Wells (Bromley 1866 – Londres 1946) novelista, historiador e cientista inglês
A melhor maneira de mulher prender marido em casa é ela dormir fora.
- Leon Eliachar (Cairo 1923 – Rio de Janeiro 1987) contista, cronista e humorista brasileiro nascido no Egito
Uma vez compartilhada com outra pessoa, as confissões tornam-se públicas.
- Donald Margulies (Nova York 1954) dramaturgo americano
A mentira nunca sobrevive até alcançar a idade adulta.
- Sófocles (Colona 496 – Atenas
Ciência sem consciência é apenas a ruína da alma.
- François Rabelais (
A honestidade é a melhor política. Mas quem age com este princípio não está sendo honesto.
- Richard Whately (Londres 1787 – Dublin 1863) arcebispo e teólogo irlandês, nascido na Inglaterra
A ficção deve ater-se aos fatos; quanto mais verdadeiros os fatos, melhor a ficção.
- Virgínia Woolf (Londres 1882 – Lewes 1941) romancista inglesa
A árvore nascente aguarda-te a bondade e a tolerância para que te possas ofertar os próprios frutos em tempo certo.
- Francisco Cândido Xavier (Pedro Leopoldo 1910 – Uberaba 2002) poeta, ensaísta, líder espiritual e médium mineiro
Quantas pessoas sucumbem diante do infortúnio por haver formado projetos excessivamente grandiosos apenas porque se sentiam fortes em demasia.
- Xenófanes (Cólofon 427 – Idem
As mais cruéis mentiras, muitas vezes, são ditas em silêncio.
- Roberto Louis Stevenson (Endiburgo 1850 – Valima, Samoa 1894) romancista, poeta e ensaísta escocês
Noite de cachaça e vapor de gin, seguiu sonâmbulo o som da viola e cheiro a alecrim da nova amiga. Que susto de manhã bem a seu lado um cavalo sorria.
Do Blog da Eugenia Tabosa
http://parlares.blogspot.com/
A CASA DE AZUL E URTIGA
Amigo, onde é a morada
da esperança? Diga, diga!
É naquela casa azulada
toda cercada de urtiga.
DOS MÍNIMOS BIQUINIS
Um pedacinho de pano
cobrindo o “vale encantado”,
assevero e não me engano:
deixa o sentido aguçado.
1964
Pela antiga ferrovia
a caminho de Bragança,
do trem que nela corria
restou somente a lembrança.
MOCAJUBA
Bem tranquila dividida
pela estrada do campinho,
Mocajuba tem na vida
um Caeté no caminho.
INSÔNIA
A rua iluminada,
da tua boca relembro;
segue a fria madrugada
nas longas mãos de setembro.
Soneto da última estação (Mitologia Marinha)
Adelmo Oliveira
Baiano de Itabuna
75 anos
Esta que vem do mar por entre os ventos,
Sacudindo as espumas dos cabelos,
Vem molhada de azul nos pensamentos,
Seu corpo oculta a ilha dos segredos.
Vem e dança ao andar sobre as areias
Úmidas sob os passos e os desejos,
Onde as ancas são ondas
Infinitas
Nem precisa de flor nem de perfume,
Ela é a própria essência do ciúme,
Feita de mito e se fazendo estrela.
Vem – dança – e passa aos fogos do verão
– Fantasia da última estação.
Explodiu na vertigem da beleza.