segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TRAGÉDIA

Miniconto

Enzo Carlo Barrocco




O homem abriu a porta, como sempre fazia e percebeu, então, embaixo da escada que dava para o outro andar do vasto sobrado, alguém agachado, imóvel, encolhido. Pensou primeiramente que sua mulher estivesse fazendo algum tipo de gracinha. Aproximou-se e percebeu uma poça de sangue. Estremeceu. Correu à cozinha e a porta estava entreaberta. Os filhos!!! Ouviu gritos vindos do banheiro dos fundos. As duas empregadas e os dois filhos estavam trancados lá. Rumaram à sala. Ante ao acontecido o homem não sabia o que fazer...


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

DA LAVRA POÉTICA DE ADELAIDE VICTÓRIA FERREIRA


O ROSÁRIO DE ANCHIETA



Adelaide Victória Ferreira
Paulista de Sete Barras
80 anos

Apresentação

Era uma vez... Trajando uma batina preta,
arcado o torso magro, em curva atestatória
da prece... um jesuíta, um padre... era Anchieta;
surgiu logo no albor da brasileira história.

Viveu fugindo, sempre, aos toques de trombeta
que, em sua milagrosa e humana trajetória,
devia receber dos homens. A faceta
mais radiante nele era furtar-se à glória.

Foi piedoso e santo e foi, também o filho
de Deus, cuja mansão, edênica, inefável,
aos índios descerrou. Quem da Virgem, o brilho

em versos exaltou... Mas, servo da humildade,
insistia em fazer calar, irrecusável,
os testemunhos mil de sua santidade...


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

LIBÉLULAS RUBRAS - 14ª TRÍADE

Enzo Carlo Barrocco


CABEÇA

Que já fumei,
que já fumei...
Canabis aflora a pele,
consciência lívida,
eu sei lá!..
Duas luas num céu de viés.


SOLO

Quem gosta de andar em bando é macaco,
eu, particularmente, não!
Sou um pássaro solipso,
ave noturna que arrisca,
meticulosamente,
um vôo.


DEPOIS NÃO DIZ QUE NÃO TE AVISEI

Devias ler meu poema?
Não, não devias!
Árvore morta à margem da estrada,
lua diurna sobre a tarde pálida.
Meu poema é uma lâmpada queimada,
lago formado nas depressões das britas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

HAI-KAIS – 17° TERCETO

Enzo Carlo Barrocco


No rumo do rio
a noite se aproxima –
crianças caladas.

***

Madrugada fria,
clarão nas frinchas das telhas –
chuva sem demora.

***

Crepúsculo róseo –
no belo final do dia
os pássaros retornam.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A TENDA DOS BLOGUEIROS - NANOBAR DO ESCRITOR


MERDA


Não me olhe

da beira d' água

de nossa praia

e venha agora!

Sei que esse (a)mar

não dá pé,

mas a gente bóia!


DO BLOG DO FLA PEREZ


http://nanobardoescritor.blogspot.com/


segunda-feira, 17 de agosto de 2009

PÁSSAROS DO ANOURÁ - POETRIX - 20ª TRÍADE


Enzo Carlo Barrocco


UM POEMA À TARDE


A lua sobre a estrada,

sol e buritizeiros –

um poema à tarde.



NOITE ALTA NO BAIRRO DISTANTE


A madrugada célere,

a fraca luminária.

Estrelas sobre um muro baixo.



DO OUTRO LADO DO RIO


Montaria ao largo;

mulher, menino e trapiche

na dobra do rio.


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O ENGRAVATADO


Miniconto


Enzo Carlo Barrocco



Quando subi para o ônibus na Rua Vinho Novo ainda tinha um lugar vago nas cadeiras de trás. Passei a roleta e sentei ao lado de um distinto senhor de paletó e gravata, bem apessoado, cabelo certinho e uma pasta tipo presidente colocada no chão do ônibus. Naquele dia eu só tinha o dinheiro da passagem de ida; iria emprestar de algum colega para voltar a casa. Na Avenida Souza Paiva, o distinto senhor pediu licença para passar, pois, naturalmente, iria descer. Virei de lado, o homem passou e puxou a campainha. Quando o ônibus parou percebi que o engravatado tinha esquecido a pasta. Chamei-o imediatamente; ele pôs a mão na cabeça e entreguei-lhe a pasta e ele convidou-me a descer. Será que ele quer me recompensar? Foi o que me veio à cabeça. Desci, claro, com certa alegria, pois qualquer quantia, àquela altura, seria muito bem-vinda. O homem pegou minha mão e agradeceu-me várias vezes, penhoradamente, dizendo que ali tinha documentos importantes, etc.etc. E eu esperando a recompensa. De repente, o homem dá sinal para um táxi que parou e, agradecendo-me, pela última vez, o biltre entrou no carro e foi embora. Fiquei ali, a uns três quilômetros do meu trabalho, sem dinheiro, sol alto, calor insuportável, atrasado e atônito.



terça-feira, 11 de agosto de 2009

DA LAVRA POÉTICA DE ADELAIDE LESSA


EVOLUÇÃO


Adelaide Lessa

Paulista da Capital

83 anos


Seremos de tal lirismo
que por descuido somente
voltaremos ao instinto
de comer os grãos de pólen.
Tão luminosos seremos,
de tal pureza divina,
que em nós haverá tormento
se o néctar for ingerido
e mancharemos o amor
se houver escolha de sumo
e pesaremos o dobro
com o perfume dos frutos.



segunda-feira, 10 de agosto de 2009

NOTAS PEQUENAS – SENADO DA REPÚBLICA – A CASA DA MÃE JOANA


Croniquetas

por Enzo Carlo B arrocco



Renan vociferando: não esqueçamos seu passado negro.


Enquanto isso, no Senado Federal, continuam os desmandos. Uma instituição onde se decidem os rumos de todo um país, a corrupção e a falta de ética correm soltas. O presidente da “Casa”, José Sarney, metido em todos os tipos de falcatruas; alguns aliados dele querendo defender o indefensável... Com todo o respeito aos feirantes de todo Brasil, um bate-boca de final de feira semana passada entre Renan Calheiros e Tasso Jereissaiti foi um episódio que jamais poderia ter acontecido. É como se diz: um sujo falando de um mal-lavado. Se o Senado está nesse patamar o que não dizer de todas as outras instituições públicas espalhadas pelo Brasil? Sinceramente falando: este é um país de ordinários.


terça-feira, 4 de agosto de 2009

A TENDA DOS BLOGUEIROS - MINIMÍNIMOS



EMERGÊNCIA


Silvio Vasconcellos



- Alô, polícia?
- Você ligou para a polícia...
- Socorro!!!
- Disque 1 para assaltos...
- Hã?
- Disque 2 para sequestros...
- É emergência!!
- Disque 3 para estupros...
- Como assim?
- Disque 4 para a caixa beneficiente...
- Socorro!!
- Ou aguarde...
- Alô? Alô?
- Código inválido. Ligue novamente.

DO BLOG DO SILVIO VASCONCELLOS


http://miniminimos.blogspot.com/2009/08/




O DIÁRIO DOS PENSADOREDS - PÁGINA 40

Todo povo é um campo armado.

- Mao Tse-Tung (Shaoshan 1893 – Pequim 1976) político,

revolucionário, militar chinês


Não nego que as mulheres sejam bobas: Deus, todo poderoso,

as fez para se equipararem aos homens.

- George Eliot (Chilvers Coton 1819 – Londres 1880) novelista e romancista inglesa


Amor é mistério sem fim: não existe o que explique.

- Rabindranath Tagore (Calcutá 1861 – Santiniketan 1941) poeta, filósofo, músico e pintor indiano


A morte é o sinal de igual na equação da vida.

- Júlio César de Mello e Souza, o Malba Tahan (Rio de Janeiro 1885 – Recife 1974) contista, romancista e matemático fluminense


Temos apenas que crer.

- Pierre de Chardin (Orcines 1881 – Nova York 1955) paleontologista, filósofo e religioso católico francês


A bravura nunca passa de moda.

- William Makepeace Thackeray (Calcutá 1811 – Londres 1863) novelista e romancista inglês, nascido na Índia


A única cura para o amor é amar ainda mais.

- Henry Thoreau (Concord 1817 – Idem 1862) poeta, filósofo e naturalista americano


A falta de dinheiro é a raiz de todos os males.

- George Bernard Shaw (Dublin 1856 - Hertfordshire 1950) dramaturgo, ensaísta e crítico irlandês


É a luta do homem neste planeta emaranhado o que mais me fascina.

- Lygia Fagundes Telles (São Paulo 1921) romancista paulista


Nossos espíritos se precipitam um para o outro ao tocar dos lábios.

- Alfred Tennyson (Somersby 1809 – Londres 1892) poeta inglês


Mais que as idéias, são os interesses que separam as pessoas.

- Alexis Tocqueville (Verneuil-Sur-Seine 1805 – Cannes 1859) historiador francês


A mudança é o progresso através do qual o futuro invade nossas vidas.

- Alvin Toffler (Nova York 1928) ensaísta americano




ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...