quarta-feira, 3 de setembro de 2008

NINGUÉM RESPEITA MAIS O VELHO CAETÉ.

Crônica

por Enzo Carlo Barrocco



Rio Caeté: visto da ponte da Vila do Tentugal


Semana passada estive na região do Rio Caeté (Santa Luzia, Tracuateua, Bragança) visitando alguns parentes e amigos que moram nas zonas rurais daqueles municípios. O Caeté é o maior curso d´água da Zona Bragantina, nordeste do Pará, com aproximadamente 100 quilômetros de extensão, cuja nascente localiza-se no município de Bonito e corre no sentido sul-norte, atravessando, a certa altura, a Rodovia BR-316 (chamada Pará-Maranhão), sendo que, um pouco mais abaixo, passa ao lado da vila do Tentugal onde, há pouco tempo se construiu uma ponte ligando o município de Santa Luzia aos municípios de Bragança e Tracuateua, via estradas de terra – os chamados ramais. O rio passa por alguns povoados até alcançar a vila do Mocajuba na estrada do Campinho; serpenteia pelas terras bragantinas até chegar à sede do município formando, mais abaixo, a Baía do Caeté, antes de chegar ao oceano. O rio recebe importantes afluentes ao longo do seu curso, como o Anourá, pela margem esquerda, o Muruteua e o Tipitinga pela margem direita. Na adolescência eu andava muito por aquela região, pois minha avó materna morou muito tempo à margem direita do rio na confluência com o Muruteua. Naqueles tempos o rio se mostrava para mim como um respeitável e caudaloso acidente geográfico, principalmente no tempo das cheias. Na verdade o rio parecia mais temível, mais portentoso. A sua fauna e a sua flora pareciam intocadas. Evidentemente existiam mais espécies de pássaros e animais silvestres (hoje, certamente, essa diversidade é menor). O que mais me deixou perplexo é a quantidade de balneários que se construiu à margem do rio, dando a entender que aquelas porções de terra e água têm legítimo dono, fora os detritos que são jogados poluindo, sobremaneira, o curso d´água. Lamentável, lamentável! Outro ponto contra o rio são os desmatamentos que os pequenos agricultores e fazendeiros ordenam a fim que o gado chegue à margem para beber. Os próprios ribeirinhos pescam usando bombas, prática que deveria ser sumariamente proibida para a própria segurança e para o próprio futuro do povo que depende do rio. Ninguém respeita mais o velho Caeté, cantado e decantado em verso, prosa e música. Peço encarecidamente que as autoridades (Ibama, Secretaria do Meio-ambiente etc.) comecem a fazer uma fiscalização para que no futuro não tenhamos, apenas, velhas lembranças.


Nenhum comentário:

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...