segunda-feira, 19 de maio de 2008

JIRAU DIVERSO N° 25

JIRAU DIVERSO
Nº 25– março.2008
por Enzo Carlo Barrocco

A POESIA NICARAGUENSE DE SALOMÓN DE LA SELVA

O POEMA

A Bala

A bala que me fira
será bala com alma.
A alma dessa bala
será como seria
a canção de uma rosa
se cantassem as flores
ou o olor de um topázio
se cheirassem as pedras
ou a pele de uma música
se nos fosse possível
as cantigas tocar
desnudas com as mãos.
Se o cérebro me fere
me dirá: Eu buscava
sondar teu pensamento.
E se me fere o peito
me dirá: Eu queria
dizer-te que te quero!

O POETA

Salomón de La Selva, poeta e ativista político nicaragüense (Leon 1893 – Paris, França 1958) é um dos mais representativos poetas da Nicarágua do século passado. Aos 13 anos mudou-se para os Estados Unidos onde, mais adiante, travou contato com alguns poetas americanos mais conhecidos na época. Participou de várias antologias americanas. Seu primeiro livro de poesias, Tropical Town And Other Poems, foi publicado em inglês. Portanto, La Selva é um dos mais importantes poetas das Américas da primeira metade do Século XX.

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ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

Figuras Anônimas (Poesias)
Autor : Silva Barreto
Edição: Ícone Editora
O poema-homenagem, o poema filosófico, o poema claro. Barreto, neste livro, se empenha em mostrar que a palavra poética tem uma força excepcional.

A Vida Como ela é...(O Homem Fiel e Outros Contos)
Autor: Nelson Rodrigues
Edição: Companhia das Letras
As famosíssimas estórias de Nelson Rodrigues levadas para a televisão e até para o cinema. Amor, paixão, sexo e morte são os ingredientes que dão a elas excelentes sabores.

Hóspede da Utopia (Romance)
Autor: Fernando Gabeira
Edição: Editora Nova Fronteira
Gabeira, hoje deputado federal, nos idos da década de 1980 defendendo a teoria de que a liberdade ainda cabe em um país repressivo e opressivo como o nosso.

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A FRASE DI/VERSA

- Aquele que luta tem o que esperar. Onde há luta, há coroa.
. Santo Ambrósio (Tréveros 340 – Milão 397) jurista, literato cristão e religioso italiano, santo da Igreja Católica.

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DA LAVRA MINHA

NÃO HÁ DOÇURA NO CORTE DA CANA

Enzo Carlo Barrocco

O sol causticante dos canaviais,
o suor,
o pico da folha da planta,
o gume
do facão.

Os homens cansados da lida,
as mulheres cansadas da lida.

Nenhuma nuvem se arma
no céu,
a lâmina suspensa no ar...
Não há doçura
no corte da cana.

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