terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A POESIA GENIAL DE JORGE LUÍS BORGES

A CHUVA


Jorge Luís Borges

(Buenos Aires 1899 – Genebra, Suíça, 1986)
Poeta, contista e ensaísta argentino


A tarde bruscamente se aclarou,

porque já cai a chuva minuciosa.

Cai e caiu. A chuva é só uma coisa

que o passado por certo freqüentou.


Quem a escuta cair já recobrou

o tempo em que a fortuna venturosa

uma flor lhe mostrou chamada rosa

e a cor bizarra do que cor tomou.


Esta chuva que treme sobre os vidros

alegrará nuns arrabaldes idos

as negras uvas de uma parra em horto


que não existe mais. A umedecida

tarde me traz a voz, a voz querida

de meu pai que retorna e não é morto.


Tradução: Renato Suttana


Nenhum comentário:

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...